Endocrinologia e Metabologia em Petrolina
Diferentemente das mulheres, que inevitavelmente cessam a ovulação e reduzem a produção hormonal rapidamente, entrando no período que chamamos de menopausa, nos homens a queda de testosterona ocorre gradualmente com a idade.
À medida que os homens envelhecem, é comum que os níveis de testosterona diminuam em cerca de 1 a 2% ao ano após os 40 anos. No entanto, a maioria deles mantém os níveis de testosterona dentro da faixa normal. Apenas de 10% a 25% dos homens enfrentam baixos níveis hormonais ao longo da vida.
Diversos fatores de risco estão associados à queda da testosterona, incluindo o sedentarismo, obesidade, tabagismo, excesso de consumo de álcool e a síndrome metabólica. Estes aspectos podem influenciar a saúde hormonal masculina.
Além da queda natural da testosterona relacionada ao envelhecimento (andropausa), existem outras condições de saúde que podem levar a uma redução desse hormônio nos homens. Essas condições incluem:
Lesões ou infecções nos testículos: Os testículos são responsáveis pela maior parte da produção de testosterona no homem. Qualquer dano ou infecção nessa área pode afetar a produção hormonal.
Problemas na glândula hipófise: A glândula hipófise, localizada na base do cérebro, é responsável por liberar hormônios que regulam a produção testicular de testosterona. Doenças que afetam essa glândula podem interferir na produção hormonal adequada.
Obesidade: O excesso de peso corporal pode estar associado a níveis mais baixos de testosterona.
Diabetes: A diabetes pode impactar negativamente os níveis hormonais, incluindo a redução da testosterona.
Doenças renais e hepáticas: Problemas nos rins ou no fígado podem afetar o metabolismo hormonal.
Alterações genéticas raras: Algumas condições genéticas podem influenciar a produção e o funcionamento dos hormônios, incluindo a testosterona.
Tratamentos para o câncer: Alguns tratamentos como radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal para o câncer de próstata podem levar à diminuição da testosterona.
É importante estar ciente dessas possíveis causas de queda de testosterona e buscar orientação médica caso haja preocupações com os níveis hormonais.
Quando em níveis baixos na puberdade podem causar:
Desenvolvimento sexual incompleto ou atrasado
Não crescimento de pêlos (barba, corporais..)
Testículos muito pequenos (< 6ml)
Quando em níveis baixos nos adultos:
❗️Sintomas mais sugestivos
Redução da libido e desejo sexual
Disfunção erétil
Aumento das mamas (ginecomastia)
Infertilidade
Perda de massa óssea, podendo levar a osteoporose
❓Sintomas inespecíficos:
Fadiga
Redução de energia
Pouca concentração
Aumento da sonolência
Força muscular reduzida
Aumento da gordura corporal
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
Para realizar o diagnóstico é necessária a solicitação de exames laboratoriais. Exames sugestivos de déficit de testosterona:
Testosterona total < 300 ng/dL
Sempre que testosterona baixa, solicitar também o SHBG para calcularmos a testosterona livre
Testosterona livre é considerada baixa quando < 6,5 nmol/L
Sempre Repetir o exame (pelo menos 2 medidas)
A coleta deve ser realizada pela manhã, idealmente próximo as 8h - os níveis de testosterona podem sofrer variações durante o dia devido ao nosso ciclo circadiano e também de um dia para o outro.
OBS: Após confirmada a presença de níveis baixos de testosterona, é importante que o seu médico faça uma investigação completa para definir qual a causa desta condição, pois como vimos anteriormente, a testosterona pode estar reduzida por outros motivos além do envelhecimento.
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
Realizamos o tratamento da deficiência de testosterona com reposição desse hormônio.
Existem várias opções disponíveis:
Intramuscular: aplicação a cada 2-3 semanas ou a cada 12 semanas, dependendo da escolha do paciente.
Tópica: com a aplicação diária de um gel sobre a pele.
Formulações orais: menos utilizadas em nossa prática clínica devido ao risco associado de lesão hepática.
Para pacientes que desejam preservar a fertilidade, consideramos outros tratamentos, como:
Citrato de clomifeno ou o hCG.
Isso se deve ao fato de que a reposição com testosterona pode levar a uma redução na produção de espermatozoides. É importante discutir todas as opções disponíveis com o médico para encontrar o tratamento mais adequado para cada indivíduo.
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
Pacientes que desejam preservar a fertilidade devem evitar iniciar a terapia com testosterona de imediato, pois é comum que haja uma redução na produção de espermatozoides após o início do tratamento hormonal. Nesses casos, é recomendado considerar outros tratamentos.
Para pacientes com apneia obstrutiva do sono grave, é crucial tratar primeiramente a apneia antes de iniciar a terapia com testosterona, pois o tratamento hormonal pode agravar o problema.
Pacientes com aumento da próstata devem procurar um urologista antes de iniciar a terapia com testosterona.
Pacientes com histórico de câncer de próstata ou mama
Insuficiência cardíaca não controlada
Aumento significativo dos glóbulos vermelhos no sangue (hematócrito e hemoglobina).
É essencial consultar um médico especializado para avaliar as condições individuais de cada paciente antes de iniciar qualquer tratamento com testosterona.
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
Qualquer homem com níveis baixos de testosterona confirmados por dois ou mais exames associados a sintomas é candidato para o tratamento.
Lembrando que não há indicação para realização de reposição hormonal para fins estéticos ou de performance! Apenas se houver a deficiência comprovada!
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
Devemos avaliar o paciente em reposição hormonal a cada 3 a 6 meses para dosar os níveis de testosterona e confirmar se a dose usada está adequada.
Além disso, devemos monitorar os níveis de glóbulos vermelhos do sangue (hemoglobina e hematócrito), PSA, função hepática e parâmetros metabólicos.
Fonte: Therapy in Men with Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline (2018)
A reposição hormonal de testosterona pode trazer significativa melhora na qualidade de vida e composição corporal do paciente, desde que seja bem indicada e acompanhada por um médico especializado.
É crucial lembrar que os sintomas de baixa testosterona podem se assemelhar a outras condições de saúde. Além disso, o uso de testosterona em homens com níveis normais do hormônio não resulta em melhoria dos sintomas e pode representar riscos para a saúde.
Portanto, caso você esteja apresentando sintomas que possam estar associados à baixa testosterona, é fundamental buscar a avaliação detalhada de um endocrinologista. Dessa forma, você receberá o tratamento e acompanhamento adequados, caso seja indicado, garantindo a segurança e bem-estar para sua saúde.